Na manhã de sexta-feira (25), quando entrava no carro para ir ao trabalho na Vale, Adail encontrou Juliana Fonseca, que havia sido sua professora do 5º ano, no ponto de ônibus. "Ele me disse: 'Bom dia, tia Ju'. Ele entrou na caminhonete e nunca mais o vimos", diz. Ele ainda não foi encontrado.
Segundo sua cunhada, Lorena Cota, Adnilson era "uma pessoa alto astral, que contagiava qualquer lugar onde estivesse". Ele tinha uma banda de samba, onde tocava cavaquinho. Assim como seu irmão, Tiago Barbosa da Silva, que está desaparecido, ele gostava de trabalhar na mineradora.
"Um amigo deles conseguiu se salvar e disse que almoçou com o Adnilson. Depois, ele foi pra o vestiário", diz Lorena. O corpo de Adnilson foi encontrado e sepultado no dia 06 de fevereiro.
Adriano trabalhava havia cinco anos na mina do Córrego do Feijão, como mecânico de uma empresa terceirizada. Morador de Belo Horizonte, ele viajava até Brumadinho, a 60 km da capital mineira, todos os dias. Casado com Nélia Mary, ele era pai de uma garota de 16 anos, que está grávida. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Amarina estava dentro do refeitório quando a barragem da mina do Córrego do Feijão se rompeu. "É uma pessoa que gosta de uma festa, muito alegre e positiva, carinhosa com os filhos", diz Juliana Fonseca, atual mulher do ex-marido de Amarina, Milton Barbosa. Juntos, eles tiveram Leno, de 25 anos, Laila, de 23 anos, e Leticia, de 22 anos.
"Ela também tem duas netinhas, que vão fazer dois anos em breve e chamam pela avó o tempo todo", lamenta Juliana. "As meninas também me chamam de vó, mas agora, quando ouço isso, me corta o coração." A casa em que Amarina vive com os filhos e netas não foi atingida pela lama, mas não é possível chegar até lá. A Vale alugou uma casa para instalar a família temporariamente. Ela ainda não foi encontrada.
Primo de Gustavo Xavier e Letícia Almeida, que também trabalhavam na mina, André estava de folga na sexta-feira (25), mas precisou ir à mina para substituir um colega. Ele era pai de um garoto de três anos. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Angélica trabalhava na área ambiental da Vale havia apenas seis meses e comemorou muito a conquista da vaga, conta seu primo, com quem ela morava em Belo Horizonte. Sua família é de Guapé, no sul de Minas, mas ela vivia na capital mineira havia seis anos. É a caçula de três irmãos. Angélica é descrita como uma mulher alegre, organizada e amante da natureza: gostava de fazer trilhas nos fins de semana e estudou ciências biológicas em sua primeira faculdade. Estudava engenharia civil.
Além do curso e do emprego, também era voluntária em ONGs, onde ajudava a construir casas para pessoas de baixa renda. "Ela estava muito feliz por conseguir conciliar tudo. Era alegre, divertida e gosta de festa", diz sua prima Marina. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Motorista de uma empresa terceirizada, Ângelo dirigia um dos ônibus que levava funcionários de Belo Horizonte e Contagem para trabalharem na mina do Córrego do Feijão. Trabalhava havia cinco anos para a empresa e fazia várias viagens por dia à Brumadinho. "Na hora em que a barragem rompeu, ele estava subindo para almoçar", conta a esposa Zuma Pires.
Ela diz que, desde o desastre de Mariana (MG) em 2015, o marido tinha medo da barragem e trabalhava apreensivo. "Era uma tragédia anunciada." Ângelo Gabriel está entre os mortos identificados. Ele e Zuma têm um casal de filhos.
Aroldo é o terceiro de uma família de oito irmãos. Trabalha na Mina Córrego do Feijão há mais de 30 anos, desde que pertencia ainda à Ferteco, posteriormente comprada pela Vale. Está prestes a se aposentar. Sua irmã, Neide Ferreira de Oliveira, o descreve como alguém "muito na dele, mas ao mesmo tempo muito brincalhão", e muito dedicado à família. Ele é pai de um casal de filhos, Geovanna, de 22 anos, e Haroldo Júnior, de 29 anos, que seguiu os passos do pai e é funcionário da Vale. No dia do rompimento da barragem, o filho correu para o local onde ele estava e entrou na lama para tentar encontrar o pai. A família acredita que Aroldo estava em em contêiner em uma das partes mais baixas da mina, que foi soterrada por até 20 metros de lama. Ele ainda não foi encontrado.
Rodrigues começou a trabalhar na Vale como estagiário há três anos e foi efetivado no ano passado, depois de se formar em engenharia de produção. "Ele amou. O sonho dele era entrar lá", conta a mãe, Andresa Oliveira. No último dia de cada mês, Bruno vara a madrugada lançando os dados da produção mensal da mina, responsável pela classificação e registro dos tipos de minério. Filho único, ele mora com os pais no município de Mário Campos, a meia hora de Brumadinho. Andresa diz que o mínimo que espera é que as buscas possam encontrar o seu filho, que permanece desaparecido. "Viver esse luto sem o corpo, isso mata a gente", afirma, que pela primeira vez na vida está tomando remédio tarja preta. "É desesperador. E eu e centenas de famílias estamos vivenciando isso." Seu filho, afirma, é sua pedra preciosa.
Sexta-feira, dia 25, era o primeiro dia de Daiane na Vale depois de sua licença-maternidade. Sua família, a mesma de Gustavo Xavier, Letícia Almeida, André Santos e Luciano Rocha, diz que um supervisor pediu que ela voltasse ao trabalho mais cedo, quatro meses após o nascimento do seu primeiro filho, Heitor. A última mensagem de Daiane foi uma foto do refeitório enviada à família às 12h20. Ela ainda não foi encontrada.
Dirce é descrita pela cunhada, Juliana Fonseca, como uma "mulher muito forte, que criou as quatro filhas sozinha e não faltava o trabalho nem para ir ao médico, porque tinha medo que descontassem do seu salário". Ela trabalha em uma empresa terceirizada e sustenta sua família.
"Sempre que me via para baixo, ela me dava conselhos. É uma pessoa perseverante e admirável", diz Juliana. Suas filhas têm 25, 23, 22 e 18 anos. Dirce também tem dois netos e espera o terceiro. De acordo com seu irmão, Milton Barbosa, a empresa para a qual ela trabalha liberou seu último salário para a família, mas nenhum outro tipo de ajuda. Seu corpo já foi encontrado e sepultado.
Djener Paulo começou a trabalhar para a Vale há menos de dois anos. Desde pequeno tinha gosto por tarefas mecânicas. Quando criança, seu hobby era montar e desmontar brinquedos, diz um parente. Montou em casa uma pequena oficina, onde passava horas. Quando um eletrodoméstico dos pais quebrava, era para Djener que o entregavam. Também gostava de fazer trilhas de moto.
Ele estava noivo de Ketre, com quem namorava havia dez anos. Deixa também seus pais, a costureira Maria das Graças Las Casas e o operador de máquina Moacir Melo, de quem era o único filho. Segundo um familiar, os bombeiros encontraram seu corpo dentro da máquina onde estava trabalhando quando veio a onda de lama.
Em seu último dia de trabalho na mina do Córrego do Feijão, Eudes foi morto pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério. Ex-jogador de futebol, ele trabalhava na manutenção de equipamentos industriais e pediu demissão para abrir uma escola de futebol em Brumadinho.
Segundo seus amigos, ele foi à empresa na sexta-feira (25) apenas para se despedir dos colegas. "Ele jogou no time de Brumadinho e era bom de bola. Era muito conhecido na cidade", disse Milton Barbosa, primo de sua esposa. Seu corpo foi sepultado no dia 29 de janeiro.
Everton trabalhava todos os dias dentro do armazém da Vale. Por isso, sua mulher, a técnica em química Nayara Porto, ainda guardava esperanças de encontrá-lo com vida. "Eu conheço o prédio porque já trabalhei na Vale também. Era muito alto, tinha estruturas metálicas fortes. Tenho pra mim que ele pode não ter sido completamente destruído, mas ninguém fala das buscas naquele lugar", diz. Segundo ela, Everton era "só alegria" e tinha o costume de publicar piadas em suas redes sociais, para entreter os amigos e familiares.
Eles estavam juntos havia cinco anos, e ele era pai uma filha de 11 anos, de um relacionamento anterior. A menina é "a paixão da vida dele", segundo a esposa. Por causa das condições estabelecidas pela Vale para fazer a doação de R$ 100 mil a familiares de desaparecidos, a mãe da menina recebeu o dinheiro. Nayara, que está desempregada há três anos, não recebeu nenhuma ajuda, mesmo sendo legalmente casada com Everton. "Nunca pensamos na possibilidade de a barragem se romper. Mas ele uma vez me disse: 'Se a barragem um dia arrebentar, nós vamos ser os primeiros, porque estamos bem debaixo'", relembra. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Fernanda está prestes a se formar em Psicologia e, segundo sua amiga Pollyana Pabola, tem "o coração maior do mundo". "Nós passamos a infância juntas, estudamos juntas, eu namorei com o irmão dela muitos anos. Ela estava cheia de planos e de sonhos que agora foram interrompidos", disse. Ela ainda não foi encontrada.
Francis e seu primo, Luis Paulo Caetano, prestavam serviço de manutenção de tratores para várias empresas, mas estavam na mina da Vale quando a barragem rompeu. A última pessoa a ter contato com um deles foi uma prima, com quem Francis trocou mensagens por volta das 11h. "A gente faz tudo em família", diz Jessica, irmã mais nova de Francis. No trabalho e no lazer, estão sempre em grupo.
"Nos fins de semana, eles gostam de juntar os amigos para fazer churrasco, beber, conversar", diz ela. Francis é casado com Solange e pai de Melissa, de 5 anos. Os parentes pediram apoio psicológico para ajudar a menina a entender o desaparecimento do pai. "Mas, enquanto a gente não tiver certeza, teremos sempre um fio de esperança", diz Jessica. Ele ainda não foi encontrado.
Morador de Brumadinho, Gustavo havia voltado de férias na quinta-feira. No dia seguinte, acordou atrasado para ir à Vale, onde trabalha há nove anos. Nas horas vagas, participa do grupo de jovens da igreja que frequenta e toca violão. Namorando há cinco anos, ele estava construindo uma casa, mas ainda faltava o telhado. Tinha a pesca como um de seus hobbies. Um amigo dele que já foi localizado diz que o viu no refeitório logo antes do rompimento da barragem. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Funcionário da HP e morador de Belo Horizonte, Helbert trabalhava havia cinco anos na mina do Córrego do Feijão e sonhava ser contratado pela mineradora. "Ele amava trabalhar lá. Tinha planos de fazer faculdade e estava planejando fazer o concurso para trabalhar para a Vale", conta sua mãe, Maria da Gloria. Segundo parentes, ele preferia trabalhar em Brumadinho a ficar no escritório da empresa terceirizada na capital mineira. Não cedeu aos apelos da família que lhe havia pedido para parar de percorrer quase 70 km todos os dias para ir ao trabalho. Ele era casado. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Jonis ligou para Aline, sua mulher, às 11h45 de sexta-feira (25) para saber se ela estava bem. Como seu turno tinha começado às 7h, avisou que sairia para almoçar. Desde então, ela não conseguiu falar com ele. Aline descreve o marido, com quem tem dois filhos, como um homem otimista, positivo e fã de um bom churrasco. Ele trabalhava na Vale há 13 anos. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Na noite anterior ao rompimento da barragem, Leonardo recebeu mensagens de WhatsApp escritas por sua filha de dois anos e meio, Valentiny. Ele iria buscar a menina e sua mãe, a psicóloga Kenya Jorge, na rodoviária em Belo Horizonte no dia seguinte. O administrador morava em Brumadinho durante a semana, quando trabalhava para a terceirizada Reframax na mina do Córrego do Feijão.
Nos fins de semana, voltava para a capital mineira para ficar perto da família. Ele tem dois filhos além de Valentiny, e cinco irmãos. "Leonardo é uma pessoa simples, mas que sempre lutou para ter seu lugar ao sol", diz Kenya. "Ele brincava com minha mãe, dizendo que queria ir morar em uma cidade do interior e ter uma pizzaria. Era para isso que trabalhava." Ele ainda não foi encontrado.
Prima de Gustavo, Letícia tornou-se funcionária de Vale há alguns meses, quando trabalhava para uma terceirizada da mineradora. Pouco antes de a barragem se romper, ligou para a babá de seu filho, de um ano e meio, para saber notícias dele e comentou que estava no refeitório. Quando a família soube que a lama havia engolido boa parte das instalações da empresa na mina, tentou, mas não conseguiu falar com ela. Na última semana, seu corpo foi encontrado e identificado.
Um amigo de Luciano, que estava com ele no momento do rompimento da barragem, diz que não o viu mais depois de sair correndo para escapar da lama. Colegas dele contaram à família que, entre o rompimento e a chegada dos rejeitos ao refeitório, passaram-se apenas 30 segundos. Ele é cunhado de André Luiz Santos e ainda não foi localizado.
Luis e seu primo, Francis Erick Soares Silva, prestam serviço de manutenção de tratores a diversas mineradoras da região. Entre elas, a Vale. Por acaso era lá que estavam naquela sexta-feira à tarde. Ele é o caçula de três irmãos homens, de uma família em que todos começaram a trabalhar cedo para ajudar os pais. "Desde os dez anos a gente vendia picolé, ajudava em serviço de pedreiro", conta o irmão mais velho, Vanderlei Caetano.
A família é de Nova Lima, mas têm se alternado nas buscas no Córrego do Feijão pelos corpos dos primos. "Meu pai diz que só sai de lá depois que encontrar o corpo dele. Queremos enterrar eles com dignidade", afirma Vanderlei. Luis Paulo pratica jiu-jitsu, gosta de viajar e é "muito brincalhão", segundo o irmão. Ele ainda não foi encontrado.
Formado em administração de empresas, Marlon trabalhava no centro administrativo da Vale havia cerca de dois anos, diz seu irmão, Marcone. Era casado e deixa uma filha de dois anos. Por causa de uma doença na infância, tinha uma perna maior que a outra, mas isso não o impedia de jogar futebol com os amigos e parentes. Às 12h29, uma amiga enviou uma mensagem para o celular dele, mas Marlon não respondeu. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Olavo era conhecido como alguém calado e que "só falava o necessário", segundo Milton Barbosa, que trabalhou com ele durante anos na Vale. "Nas horas de folga dele, adorava uma pescaria, postava fotos da pescaria. Era caladão, mas uma pessoa muito amiga", diz.
Conhecido como Lau, ele ainda trabalhava na mina do Córrego do Feijão, fazendo inspeção justamente na barragem 1, que se rompeu. Deixou três filhos e a esposa. Seu corpo foi sepultado no dia 4 de fevereiro.
Ramon trabalhava na Vale havia quase dez anos, no centro administrativo da mina de Brumadinho. A última pessoa a ter contato com ele foi um amigo, para quem Ramon mandou uma mensagem de Whatsapp às 12h27. A resposta do amigo, no minuto seguinte, já não foi entregue. Ele era casado e pai de uma menina de cinco anos, cujo aniversário seria comemorado no sábado (26). No dia anterior ao rompimento da barragem, Ramon havia tirado folga para passar o dia com a menina. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Trabalhava no setor administrativo da Vale havia quase quatro anos. Morava em Brumadinho com a mãe e quatro irmãos. Segundo sua mãe, Sirlene, era um rapaz alegre, tranquilo e que preferia estar perto da família. Sirlene diz que ele gostava de trabalhar na Vale e nunca mencionou ter medo da barragem. Um de seus irmãos, que é funcionário de uma terceirizada da mineradora, foi encaminhado na manhã de sexta (25) para outro setor e escapou da onda de lama. O corpo de Rangel foi encontrado e identificado.
Na noite de quinta-feira (24), Rodrigo visitou a tia, Eva Xavier, para conversar. Ele saiu de sua casa às 20h, porque iria para a Vale por volta das 5h no dia seguinte. "Naquela noite, ele estava tranquilo e alegre. Mas ele sempre foi extrovertido. Gosta de pescar, toca violão, é muito farrista", diz Eva. Rodrigo era casado e pai de quatro filhos, de 17, 15, 13 e 10 anos. O corpo dele já foi sepultado.
Um "bom dia" no grupo de Whatsapp é a última mensagem que a família de Rogério recebeu dele, na sexta-feira (25) pela manhã. Depois do rompimento da barragem, os familiares descobriram que Rogério conseguiu salvar o irmão, Ronaldo, que também trabalhava na Vale como motorista de carga. "Ronaldo desceu para almoçar e encontrou com Rogério, que avisou que o refeitório estava cheio, e ainda brincou: 'Não dá prejuízo para a Vale. Vai descarregar esse caminhão, depois você volta'", conta a irmã dos dois, Rosângela Melo.
Do alto, ainda no caminhão, Ronaldo viu o momento em que a barragem se rompeu. Rogério continua desaparecido. "Ele gosta de dançar essas músicas mais antigas, Michael Jackson, Queen. É meio estourado, mas carinhoso e amoroso", descreve Rosângela. Ele é casado com Rosemeire Laje e tem duas filhas: Daniela, de 26 anos, e Carolina, de 23 anos.
Motorista por toda a vida, Sebastião era funcionário de uma empresa terceirizada contratada pela Vale havia 13 anos. A maioria de suas viagens aconteciam dentro de Minas Gerais, com exceção de algumas para São Paulo ou Rio de Janeiro. O Rio era seu destino na quarta-feira, quando foi avisado de que os planos tinham mudado. Estaria em Brumadinho na sexta.
Sebastião tem três filhas e uma neta que é "extremamente apegada nele", nas palavras da mãe da menina, Gisele. A criança, de três anos, passou o domingo perguntando pelo avô, que, entre outras coisas, a ajudava a mexer no tablet. Muito presente na vida da família, ele morava perto das filhas, em Betim. Costumava fazer viagens curtas e saía de madrugada para voltar para casa no mesmo dia. Seu corpo foi encontrado e identificado.
Sirley era secretária municipal de Ação Social de Brumadinho e professora na universidade local. Ela foi velada sob forte comoção. A advogada vivia em um sítio próximo à sede da Vale, que foi fortemente atingida pelos rejeitos da barragem. Um bombeiro que fazia um serviço hidráulico em sua casa no momento do rompimento diz que gritou para avisá-la, mas ela não conseguiu sobreviver ao mar de lama. Sua irmã, Sirlene de Brito Ribeiro, acredita que ela poderia ter sobrevivido caso a sirene de emergência da barragem tivesse tocado.
No próximo mês de setembro, Tiago e sua namorada, Lorena Cota, de 25 anos, comemorariam seis anos juntos. Pouco tempo atrás, ele tinha comprado uma casa para onde eles se mudariam depois do casamento, planejado para maio de 2020. "Nós conversamos na sexta pela manhã, por volta de 6h30, quando ele estava indo trabalhar. Estávamos planejando nosso fim de semana juntos", diz Lorena.
Ela descreve o namorado como alguém carinhoso, responsável e humilde, que tinha uma relação próxima com a mãe, Cleonice, de 65 anos. Ele era irmão de Adnilson da Silva do Nascimento, que morreu após o rompimento da barragem. Os corpos de ambos já foram sepultados.
Há poucos meses, Wesley foi demitido da Vale, mas "levou numa boa", segundo sua irmã, Pollyana Pabola. Logo depois, ele voltou a trabalhar na mina do Córrego do Feijão, empregado por uma terceirizada. Para trabalhar em Brumadinho, ele morava com os pais durante a semana e, nos fins de semana, percorria cerca de 42 km para ficar com a mulher e a filha de cinco anos na cidade de Contagem. "Só temos foto dele sorrindo, é uma pessoa muito divertida e tranquila", diz Pollyana. O corpo dele foi sepultado no dia 8 de fevereiro.